“O galo cantou com os passarinhos
no esplendor da manhã”
Ecos da euforia popular, desvairada,
em três dias de folia. As ruas exalando a urina. Confetes e serpentinas relutam
em desaparecer nas primeiras vassouradas.
As casas pouco a pouco vão
abrindo neste meio-dia quente. O calor voltou com toda a força castigando a
ressaca. Forçados a olhar os pés que caminham lentamente pelo asfalto
abandonado – calçada de pedras. Acabou-se a festa.
Houve um momento, na Avenida, que
mais parecia um rio inundado de gente, uma visão alegórica. O boneco gigante de
Olinda no meio daquela massa anã pulando, confundida a vibração do seu
movimento com o brilhar da iluminação pública. Cabeça acima do nível do mar
ondulante. Sentir só.
Rapidamente encolher e mergulhar
na multidão. Suava com o calor envolvente. Asfixiava. Pular, correr, e enfim
encontrar um oásis num sorriso.
Não se esqueça de mim! – Voltará
amanhã? – A manhã é o ultimo dia de carnaval. E depois nos veremos?
Um sabor amargo ao morder os
lábios. O cheiro fermentado do ar indicava o fim da orgia. A mordaça, a
ressaca, os vestígios do apocalipse. Pessoas lerdas falam lentamente. O dia se
arrasta para o fim do mundo. Hoje, quarta-feira de cinzas, o dia seguinte de um
carnaval passado.
O que será que houve? Alguma
coisa esquecida?
Não, nada. Tudo não passou além de mais um carnaval. O resto
são fantasias, imagens de TV.
“Água no feijão que chegou mais
um...”