abril 24, 2014

O RETORNO DE BRONXOR


  Da colina Joe Bronxor divisa a sede do Rancho no fundo do vale. Ali passara a infância e juventude. Retorna agora homem adulto.
Aperta as esporas e o cavalo empina. Célere, desce o declive que leva até o casarão. Rever a mãe, pai e irmãos. A vida nômade não permitia nem escrever cartas, sempre mudando de cidade e trabalho. No último trabalho chefiava vaqueiros para levar uma grande boiada até New Orleans. Ganhara um bom dinheiro pelo serviço, e agora pretende descansar por uns tempos.
 – Ah, como faz bem rever isto tudo, a paisagem, a fazenda, a família... – Joe não se sente mais um solitário, o lar está próximo.
Saíra bem cedo de Doge City, evitando assim mais confusões.
Chegava antes do almoço, sempre uma festa a primeira refeição do dia. De longe vê o filete de fumaça saindo da chaminé. A fome aperta o estomago, e sente a enorme saudade da comida caseira. Lembra dos quitutes preparados pela mãe. Galopa mais rápido ainda. O cavalo parece também querer participar da alegria de Joe. Aceita bem a pressão da nova corrida, e como um corpo só aproximam-se velozmente da sede da fazenda.
Aparecem os primeiros sinais de cultivo, hortas, e cercas protegendo os currais. Joe doido por uma vaquejada, domar um potro selvagem. Passar o dia pescando à beira do rio e depois comer uma boa carne, um churrasco suculento.
Lembra-se do pai. Ele nunca deixara faltar nada para a mulher e os filhos, e protegia com vigor a propriedade.
Lutou contra vizinhos gananciosos. Por fim passou a ser respeitado por todos, pela valentia e austeridade.
Junto a ele, Joe teria sempre o maior conforto, mas sua ânsia de conhecer outros lugares era enorme. Com o tempo surgiram as desilusões, e viu que o mundo era maior do que ele pensava. Julgou melhor se aquietar por uns tempos.
Ao atravessar a porteira, chora de contentamento. Pressente o bulício que irá causar a sua inesperada chegada. Pula da montaria e corre para o avarandado. Num ímpeto abre a porta.
 – Joe, meu filho, você voltou?
Bronxor agarra-se à mãe, que não contém as lágrimas. Rodopia com ela em seus braços até dar vazão a todos os sentimentos reprimidos há tanto tempo. Param abraçados no meio da sala, é então que Joe vê a moça parada junto à lareira.
– Não se lembra mais de mim, Joe?
            – Mary... é você, Mary? – larga sua mãe e encaminha-se para ela. – Como cresceu... não é mais a criança que larguei aqui.
– Não, meu filho, agora ela já é uma moça, e muito bonita!
– Tem toda a razão, mamãe – e carinhoso beija a testa de Mary, que cora.
            – Você também mudou muito Joe – retribui o beijo, com afeto.
– E o papai?
Cria-se uma situação constrangedora. Joe olha de uma para outra, sem entender o que acontecia.
            – Vamos, respondam... onde está? O que houve? Porque vocês estão calados? Falem alguma coisa.
– Seu pai morreu, Joe – fala por fim Mary – faz mais ou menos um mês que
ele...        
 – Não é possível, como foi?
– É uma estória longa, meu filho, que bom você ter voltado.