setembro 22, 2013

O POETA VERTICAL



O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS


Wanderley Peres

Morreu na manhã desta sexta-feira, 5, o poeta Gastão Cerqueira Neves, de 84 anos. Adoentado há vários meses, o ex-secretário de Cultura, de Teresópolis e de Niterói, estava internado no Hospital São José, ficando seu corpo até a manhã deste sábado, na capela da Funerária Berlim, e transferido para a capela do Cemitério Carlinda Berlim, quando será sepultado. Teresopolitano do bairro do Alto, Gastão Cerqueira Neves nasceu no dia 29 de julho de 1927, filho de José Telles Teixeira Neves e de Beatriz Augusta Cerqueira da Silva Neves.

Conhecido como o ‘poeta vertical’, por sua defesa da poesia falada no palco, Gastão Cerqueira Neves nasceu em 29 de julho de 1927, em Teresópolis. Estudou no Grupo Escolar Euclydes da Cunha onde, a partir da participação em espetáculos escolares nos dois últimos anos do curso primário, começou a revelar sua inclinação para a arte da poesia. 

Atuou como jornalista e ocupou importantes cargos públicos: Diretor do Departamento de Cultura do Estado no Governo Geremias de Mattos Fontes, Diretor da Biblioteca Pública do Estado do Rio de Janeiro, Diretor de Relações Públicas do Estado de São Paulo no Governo de Ademar de Barros, Chefe da Assessoria de Comunicação Aplicada ao MOBRAL, Presidente da Fundação de Atividades Culturais de Niterói, no Governo Moreira Franco. Depois deste período, o jornalista, poeta e escritor Gastão Neves retornou à sua terra natal, para uma permanência definitiva, assumindo a direção da Coordenadoria Municipal de Cultura, depois Secretaria de Cultura, onde trabalhou para implantar a política cultura do Governo Celso Dalmaso. Foi em sua gestão que surgiu a Casa de Cultura Adolpho Bloch, antiga reivindicação da classe artística e cultural de Teresópolis.

Membro do Conselho Municipal de Cultura de Teresópolis e da Academia Teresopolitana de Letras, Gastão Neves publicou diversos livros, entre eles, Livro das Origens, Senhora dos Sonhos Mortos, Tempo de Espera, A Rosa faz o Poema, O Signo de Espanto e muitas outras obras de poesias e romances que bem atestam o seu espírito humanitário e a sua sensibilidade.

“Teresópolis está de luto. Perdemos nosso poeta maior, o poeta vertical, cantor das musas, das terras lusas e teresopolitanas, de Canudos, enfim, poeta da terra, mas imortalizado nos quatro cantos do mundo. A poesia perde um tanto de seu br...ilho e os saraus do paraíso ganham reforço de peso. Vai Gastão, declamar tua arte a ouvidos mais apurados nos salões do céu”, declarou ontem o músico Ronaldo Fialho, até então secretário de Cultura. O poeta Vidocq Casas lembrou também a perda do amigo Gastão, segundo ele, irreparável para a Cultura. “É uma perda irreparável para a Cultura Universal. Gastão era um ícone da palavra liberdade e um dia Teresópolis ainda reconhecerá a sua poesia de paz e amor”.

Em fevereiro de 2010 a Casa da Memória Arthur Dalmasso (Praça Balthasar da Silveira, 91 – Centro) abriu ao público a exposição ‘A sentença do tempo’, com documentos sobre a sua vida, oportunidade em que foi lançado também seu último livro, antologia que leva o mesmo título da mostra e reúne as melhores poesias do escritor. Durante um mês, a exposição ficou montada no primeiro piso da Casa da Memória e mostrou diversos documentos, reportagens sobre a vida de Gastão, entrevistas concedidas pelo escritor e poesias publicadas nos mais variados veículos. Sobre Gastão Neves, vale republicar o texto de Nilo Tavares, publicado no Teresópolis Jornal, no ano de 1966.