fevereiro 09, 2014

A REVOLTA DE BRONXOR


Capítulo I

Joe Bronxor mal teve tempo de se jogar para fora da estrada. Da curva, surgia em atropelada carreira a diligência da “Express”. Parecia estar desgovernada. Temerosamente ocultou-se atrás de uma pedra. No meio da poeirada, conseguiu distinguir o Cachoeiro. Era um homem rude e de barba ruiva, e não se vestia como os empregados da empresa. Não viu mais ninguém na boleia ou em seu interior.
Passado algum tempo retornou ao meio da estrada, vendo a diligência sumir ao longe. Ia na direção oposta a seu destino. Coçou a cabeça intrigado. Catou seus apetrechos que havia largado no chão, retomando a caminhada mais desalentado do que nunca. Estava exaustou de tanto andar. O seu cavalo quebrara uma das patas numa perigosa travessia de rio, e fora forçado a executá-lo. Ainda bem que estava perto de sua cidade natal, Dodge City.
Já andara alguns quilômetros, e quase desistia de prosseguir, quando divisou a distancia um cavalo abandonado. Correu feito um alucinado, exaurindo suas últimas forças, mas conseguiu alcançá-lo. Chegou a chorar quando reparou que o cavalo estava arreado. Mais parecia uma miragem.
- Um verdadeiro milagre! – Exultava de alegria.
Segurando firmemente as rédeas, com medo de tombar de tanto cansaço, assentou-se na sela. Mal ia apertar as esporas nos flancos do animal quando notou um par de botas aparecendo fora de uns arbustos. Encaminhou-se até lá, e horrorizado viu o homem estirado. Olhou para os lados. Estava tudo deserto a sua volta. Não havia mais ninguém por aquelas paragens. Apeou, aproximou-se do corpo. Seu susto foi enorme, não era um, eram dois homens, e mortos. Constatou serem os cocheiros da diligência que passara por ele há pouco.
Um deles estava de bruços, e os balaços nas costas eram evidentes. O outro que aparentava mais idade, também deve ter sido atacado por trás.
- “Com certeza o assassino estava de tocaia e atirou neles de surpresa” – concluiu Joe – Covardes.
Depois de examinar os dois infelizes cocheiros levantou-se e ficou algum tempo pensando o que fazer. Os três seriam muito peso para o cavalo.
- É melhor ir até a cidade avisar o xerife. Ele com certeza providenciará a remoção dos corpos.
O cansaço e mais o desgosto de presenciar aquela cena abalavam o espírito de Joe Bronxor. Sentia a exaustão dominar-lhe o corpo. Decidiu-se por partir logo.
- E os passageiros? Estaria vazia a diligência? Ou apenas transportava carga? Estas eram as perguntas que se faria enquanto montava novamente.
Ajeitou o chapelão, protegendo com suas abas largas os olhos dos raios solares, e cavalgou em direção à Dodge City. Queria chegar lá antes do anoitecer. Imensas pradarias se estendiam a sua frente.
Faz muito tempo que Joe fizera aquele percurso, só que em sentindo contrário. Era bem jovem e ansioso por conhecer outros lugares e gentes. Perambulara muito pelo vasto oeste. Trabalhara em diversas fazendas nos mais variados serviços. Vira cidades enormes. Lutou bastante para sobreviver e poder ter um lugar ao sol. Tornara-se um homem adulto, forte e experiente. Confiava em seu vigor e em sua pontaria.

Ao sentir a aproximação de sua querida Dodge acelerou o passo do cavalo. Estava eufórico. As primeiras casas despontavam ao longe.