dezembro 20, 2016

RECORDAÇÕES



A sinfonia

das mãos

com cigarro na mão

fazem

na noite

a poesia

o motivo

de algo

que não sei





                               VOCÊ

Porquê passastes hoje por mim
deixando uma fragrância de saudade
no momento em que me sentia mais só?

Porquê me deixastes tempos atrás
Sem sequer um sinal de adeus
A mim sem dor e sem glória?

Porquê mudastes de pouso um dia
partindo sem destino
e eu triste à sua procura?

Porquê o encontro agora
como se nada houvera
e o tempo decorrido?

Porque os carinhos trocados
Num encontro fortuito

Sem promessas de retorno?



Ontem era você

Em rua esquecida

Alma fendida...

Hoje sou eu

Que em ilusão

Procuro, quem sabe

A traineira

Pois tenho certeza

Que nela embarcaste

Deixaste a saudade

A ilusão, a incerteza...



Alguma vez você já viu uma traineira?
Uma embarcação pequena, robusta, que vai singrando calmamente os mares?
De longe ao contemplá-la dá uma sensação de paz e ternura. A traineira vai saindo devagarinho pela baia, as aguas calmas e ela suavemente, cortando-as rumo ao mar.
Suas bandeirolas, seus mastros de cargas, sua proa altaneira. Ela vai ao largo nos convidando para uma volta ao mundo.
De perto a ilusão passa, proximidade, quente dos seus motores que vivem e vibram emoções, intimo é um turbilhão de paixões. Os marinheiros enfeitiçados lutam pelo seu carinho e fidelidade. A mansidão se transforma em convites de aventuras e noites de volúpia.
Ao longe, na calmaria de sua ostentação, mostra as cores brancas, lembrando a alvice das moças virgens. Cercada de azul por todos os lados, sentimos seus cores quentes e fortes, de lábios de amantes sequiosas.
Oh! Que desespero nos causa o seu afastamento para outros rumos, e nós marinheiros notívagos, ficamos no porto da saudade esperando a sua volta, despertando sonhos inebriantes de ternura, de paixões e amor.
Assim como a traineira parte para outros pontos a vejo todo dia, embarcando para outro destinos.