O destino de persistir na rota, de
vencer nos embates com ondas, é um
pesado fardo para o Navio Holandês.
Mar azul
Azul mar
A imensidão isolante deixando-nos
a sós, brotando as lembranças, com
o olhar vago sonhando futuro
Azul mar
Mar azul
Permanece a saudade de seu últi-
mo beijo no porto abandonado, quan-
do nós abraçados, frementes de pai-
xão,sentimos a firmeza do madeira-
me, a brisa marina molhando os nos-
sos corpos.Afastamo-nos embalados
pelo ronronar das marés nos troncos
fortes do cais
Mar mar
Mar azul
Atravessei a barra, balançando ao
ritmo das marolas. Espumas bran-
cas constatando com o escuro pro-
fundo do mar alto. Oceanos de ilu-
sões.
Azul azul
Azul mar
Timoneiro carrego o Navio Holandês
vida afora. Respingos salgados ba-
tem na vidraça da ponte. Ligeiro
despontar de um desamor.abismos
d’ alma que vez por outra denunciam
sua profundidade. Negrume.
Mar azul
Azul mar
Lentamente atravessamos a grande
massa oscilante, deixando para trás
agruras e venturas, buscando hori-
zontes mais oportunos e alvissareiros
o claro despertar solar. Brilhante
Azul azul
Azul azul
Avizinhamo-nos de um novo porto. Pres-
sentimos uma nova experiência. Vivên
cia. Novas terras, novos amores, de-
samores, não importa, retornaremos
outra vez para o mar.
Azul mar
Mar azul