novembro 14, 2016

POESIAS ANOS 70


ODE A UMA ESTRELA SOLITÁRIA

Olhando o límpido céu
sentimos a necessidade do canto
quebranto
mensagem para o ente querido
Contemplando os astros
por mais inumeráveis que sejam
descobrimos uma estrela
solitária
que poderá ser a nossa
fonte dos desejos
ofuscado pelo brilho
deslumbrado pela beleza distante
procuro entrar em contato
forço a mente
escuto o meu coração
Será que meu bem querer está a escuta?
Piscando sempre
parece receber a mensagem
Passado o tempo
noites após
escuto a sua voz
eco de meus sonhos
acostumei-me ao diálogo
mas percebo que a minha estrela
está cada vez mais solitária.
                                                                
                                                           20/07/1970




UTOPIA

Numa manhã distinta
em que o sol me confundia
eu lembrei o mundo, irmanado

do lado de lá, distante,
no poente, oriente
se cultivava a amizade
e até permutava a produção

do lado de cá, próximo,
no nascente, ocidente
se transformava a mentalidade
a cultura foi promovida a tom maior
deixou de ser meio tom

sol, você que é divino-maravilhoso.
que notícias trouxe para mim!
aconchego no oriente
aconchego no ocidente
bandeiras se misturando
num festival de cores
antes, guerra de bombas
hoje, só de amores

pretos e brancos
na maior enturmação conjugal
bandidos e mocinhos deixarem de ser heróis
agora, só as formigas são alvo das atenções


metas e planos é passado
Estratégia, coitada, caiu do andaime
e o dinheiro,
este infiel amigo do homem,
caiu de cotação


a vida nesta manhã me parece outra coisa
talvez, um sorriso terno de uma criança
um beijo erótico na praia
uma verdade consumida
absorvida
me pareceu até o cortejo fúnebre da televisão
me pareceu que jesus cristo ressuscitou
em todos os homens
era como se todos conhecessem a si mesmo
naquela manhã distinta
em que o sol confundia

                                                                  23/10/1970