A sinfonia
das mãos
com cigarro na mão
fazem
na noite
a poesia
o motivo
de algo
que não sei
VOCÊ
Porquê passastes hoje por mim
deixando uma fragrância de saudade
no momento em que me sentia mais só?
Porquê me deixastes tempos atrás
Sem sequer um sinal de adeus
A mim sem dor e sem glória?
Porquê mudastes de pouso um dia
partindo sem destino
e eu triste à sua procura?
Porquê o encontro agora
como se nada houvera
e o tempo decorrido?
Porque os carinhos trocados
Num encontro fortuito
Sem promessas de retorno?
Ontem era você
Em rua esquecida
Alma fendida...
Hoje sou eu
Que em ilusão
Procuro, quem sabe
A traineira
Pois tenho certeza
Que nela embarcaste
Deixaste a saudade
A ilusão, a incerteza...
Alguma vez
você já viu uma traineira?
Uma embarcação
pequena, robusta, que vai singrando calmamente os mares?
De longe ao
contemplá-la dá uma sensação de paz e ternura. A traineira vai saindo devagarinho
pela baia, as aguas calmas e ela suavemente, cortando-as rumo ao mar.
Suas
bandeirolas, seus mastros de cargas, sua proa altaneira. Ela vai ao largo nos
convidando para uma volta ao mundo.
De perto a
ilusão passa, proximidade, quente dos seus motores que vivem e vibram emoções,
intimo é um turbilhão de paixões. Os marinheiros enfeitiçados lutam pelo seu
carinho e fidelidade. A mansidão se transforma em convites de aventuras e
noites de volúpia.
Ao longe, na
calmaria de sua ostentação, mostra as cores brancas, lembrando a alvice das
moças virgens. Cercada de azul por todos os lados, sentimos seus cores quentes
e fortes, de lábios de amantes sequiosas.
Oh! Que
desespero nos causa o seu afastamento para outros rumos, e nós marinheiros
notívagos, ficamos no porto da saudade esperando a sua volta, despertando
sonhos inebriantes de ternura, de paixões e amor.
Assim como a
traineira parte para outros pontos a vejo todo dia, embarcando para outro
destinos.