novembro 25, 2013

BARULHOS DO METRO

 Em homenagem à proclamação da República - 15 de novembro - o Metro exerceu o seu "poder" de gerar todos os ruídos possíveis e imagináveis, concentrados em direção às casas, aos ouvidos, aos corações dos moradores que sonharam curtir um silencioso feriado NACIONAL em PAZ.

          Pura ilusão


          Alguns flagrantes desta obra, que esperamos seja o mais rápido possível de utilidade pública:







O TRIO DO BARULHO INFERNAL

Contêineres de compressores

A batedeira de cimento
Os caminhões com seus motores e alerta de
 marcha-ré.







A Platéia Silênciosa (observadora)
Os operários se reúnem O  R  A  M
e debatem as tarefas do dia

O progresso não para
E os moradores? os que passam


Antes
Agora
          
Chico Poeta permanece
Tiago e Paulinho confiantes





outubro 29, 2013

ADEUS INOCÊNCIA

    A memória se embaralha e os canais se misturam. Época de protestos e passeatas. Qual a reivindicação?
   O grito pelo grito. gritaria, vandalismo, perde-se o conteúdo.As imagens se repetem, como se não houvesse passado. O que mudou? Como programas televisivos as cenas são montadas em horários e locais específicos. A turba....

DESENCANTO

O que tem a PROVIDÊNCIA que a ROCINHA não tem?

O Globo - Segundo Caderno - Sábado 07/09/2013
O Globo- Domingo 24/03/2013



setembro 22, 2013

O POETA VERTICAL



O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS


Wanderley Peres

Morreu na manhã desta sexta-feira, 5, o poeta Gastão Cerqueira Neves, de 84 anos. Adoentado há vários meses, o ex-secretário de Cultura, de Teresópolis e de Niterói, estava internado no Hospital São José, ficando seu corpo até a manhã deste sábado, na capela da Funerária Berlim, e transferido para a capela do Cemitério Carlinda Berlim, quando será sepultado. Teresopolitano do bairro do Alto, Gastão Cerqueira Neves nasceu no dia 29 de julho de 1927, filho de José Telles Teixeira Neves e de Beatriz Augusta Cerqueira da Silva Neves.

Conhecido como o ‘poeta vertical’, por sua defesa da poesia falada no palco, Gastão Cerqueira Neves nasceu em 29 de julho de 1927, em Teresópolis. Estudou no Grupo Escolar Euclydes da Cunha onde, a partir da participação em espetáculos escolares nos dois últimos anos do curso primário, começou a revelar sua inclinação para a arte da poesia. 

Atuou como jornalista e ocupou importantes cargos públicos: Diretor do Departamento de Cultura do Estado no Governo Geremias de Mattos Fontes, Diretor da Biblioteca Pública do Estado do Rio de Janeiro, Diretor de Relações Públicas do Estado de São Paulo no Governo de Ademar de Barros, Chefe da Assessoria de Comunicação Aplicada ao MOBRAL, Presidente da Fundação de Atividades Culturais de Niterói, no Governo Moreira Franco. Depois deste período, o jornalista, poeta e escritor Gastão Neves retornou à sua terra natal, para uma permanência definitiva, assumindo a direção da Coordenadoria Municipal de Cultura, depois Secretaria de Cultura, onde trabalhou para implantar a política cultura do Governo Celso Dalmaso. Foi em sua gestão que surgiu a Casa de Cultura Adolpho Bloch, antiga reivindicação da classe artística e cultural de Teresópolis.

Membro do Conselho Municipal de Cultura de Teresópolis e da Academia Teresopolitana de Letras, Gastão Neves publicou diversos livros, entre eles, Livro das Origens, Senhora dos Sonhos Mortos, Tempo de Espera, A Rosa faz o Poema, O Signo de Espanto e muitas outras obras de poesias e romances que bem atestam o seu espírito humanitário e a sua sensibilidade.

“Teresópolis está de luto. Perdemos nosso poeta maior, o poeta vertical, cantor das musas, das terras lusas e teresopolitanas, de Canudos, enfim, poeta da terra, mas imortalizado nos quatro cantos do mundo. A poesia perde um tanto de seu br...ilho e os saraus do paraíso ganham reforço de peso. Vai Gastão, declamar tua arte a ouvidos mais apurados nos salões do céu”, declarou ontem o músico Ronaldo Fialho, até então secretário de Cultura. O poeta Vidocq Casas lembrou também a perda do amigo Gastão, segundo ele, irreparável para a Cultura. “É uma perda irreparável para a Cultura Universal. Gastão era um ícone da palavra liberdade e um dia Teresópolis ainda reconhecerá a sua poesia de paz e amor”.

Em fevereiro de 2010 a Casa da Memória Arthur Dalmasso (Praça Balthasar da Silveira, 91 – Centro) abriu ao público a exposição ‘A sentença do tempo’, com documentos sobre a sua vida, oportunidade em que foi lançado também seu último livro, antologia que leva o mesmo título da mostra e reúne as melhores poesias do escritor. Durante um mês, a exposição ficou montada no primeiro piso da Casa da Memória e mostrou diversos documentos, reportagens sobre a vida de Gastão, entrevistas concedidas pelo escritor e poesias publicadas nos mais variados veículos. Sobre Gastão Neves, vale republicar o texto de Nilo Tavares, publicado no Teresópolis Jornal, no ano de 1966.





junho 18, 2013

O ASSASSINO DA POUSADA


O garoto desorientado de mochila. Chuva fina. Molhada. Fria. Nervoso, ele insiste em tocar a compaínha. São 8 horas de uma manhã de sábado. Rua deserta, carioca odeia tempo feio, encoberto. Não percebe que toca no interfone errado. O portão de ferro da vila o confunde. Olha o relógio, para os lados.
A testemunha ocular se afasta da janela. Protegido pela vidraça opaca, olha novamente a Pousada. O garoto se afasta.
Barulheira infernal, gritos, sirenes. A Pousada é invadida por policiais, enfermeiros. Jovens saem espavoridos pelo portão.
- O que terá acontecido?
Ouve falatório. Consegue captar algumas palavras.
- Cruel!
- Degolaram as moças!
As suspeitas se confirmaram. Crime na Casa Vermelha. O escritor volta para sua poltrona. Abre o jornal.

Enquanto isto na “Casa Branca”, em Washigton, neva. New York sucumbe ao furacão “Sandy”. E o Junior?
-        Pô, Obama chorou!


E o “Delirium” continua.


março 18, 2013

QUARTA - FEIRA DE CINZAS


“O galo cantou com os passarinhos no esplendor da manhã”
Ecos da euforia popular, desvairada, em três dias de folia. As ruas exalando a urina. Confetes e serpentinas relutam em desaparecer nas primeiras vassouradas.
As casas pouco a pouco vão abrindo neste meio-dia quente. O calor voltou com toda a força castigando a ressaca. Forçados a olhar os pés que caminham lentamente pelo asfalto abandonado – calçada de pedras. Acabou-se a festa.



Houve um momento, na Avenida, que mais parecia um rio inundado de gente, uma visão alegórica. O boneco gigante de Olinda no meio daquela massa anã pulando, confundida a vibração do seu movimento com o brilhar da iluminação pública. Cabeça acima do nível do mar ondulante. Sentir só.


Rapidamente encolher e mergulhar na multidão. Suava com o calor envolvente. Asfixiava. Pular, correr, e enfim encontrar um oásis num sorriso.
Não se esqueça de mim! – Voltará amanhã? – A manhã é o ultimo dia de carnaval. E depois nos veremos?
Um sabor amargo ao morder os lábios. O cheiro fermentado do ar indicava o fim da orgia. A mordaça, a ressaca, os vestígios do apocalipse. Pessoas lerdas falam lentamente. O dia se arrasta para o fim do mundo. Hoje, quarta-feira de cinzas, o dia seguinte de um carnaval passado.
O que será que houve? Alguma coisa esquecida?
Não, nada. Tudo não passou além de mais um carnaval. O resto são fantasias, imagens de TV.
“Água no feijão que chegou mais um...”










fevereiro 20, 2013

A LUA PRATEADA

    A queda do sonho. A realidade do momento. As tristes reações do homem que viu o futuro, apreendeu o passado, e sofre os efeitos do meio ambiente.
   O ambiente de trabalho burocrático, nostálgico, moroso, opressão da mentalidade imperante. Escrivaninhas de trabalho, homens e mulheres em languidez, funcionários adormecidos. Entre eles, trabalha ALGUÉM, vestido como um homem comum, de camisa esporte, os outros de terno e gravata.
     Ao fundo: projeção da Baia da Guanabara vista da Esplanada do Castelo, Pão de Açúcar, prédios, anúncios, etc...
     Som de Boeing, baixo, aumentando como um ronco. ALGUÉM trabalha de cabeça baixa. Levanta e  recita em tom profético, visionário. O único desperto, os outros como que ausentes do problema que se passa à volta.
     A projeção: Substitue o panorama. Clarea cada vez mais, para a tonalidade prata, até ofuscar. A lua desce sobre a cidade, conforme a fala de ALGUÉM. Dirigindo-se à lua:

- Vi a lua prateada
enorme
esmagando a cidade
lua branca enorme
que roncava
como um "Boeing"
toldando a cidade
prédios caídos
como fotografias de após guerra
o derredor desértico
beleza branca
lua bela
como sonhamos
calmaria
PAZ.
Perplexo
perplexidade
- é o fim do mundo!
Calma, lentidão
Não havia temor
A lua tão bela
esta lua de fim de mundo
Fim do mundo
Haverá choque?
Minha família! (como reação de agonia)
Calmaria
Claridade branca
Silêncio
ronco de "Boeing"
Lua prata
enorme
toldando a cidade.

janeiro 22, 2013

BALLET DA EXECUÇÃO


CENÁRIO: praça medieval.

Fundo musical: Alegre e popular. Trompetes.

1ª cena: Dia de feira – festa
Muito colorido, gente, guardas, batedores de carteira, danças folclóricas. Uma DANÇARINA-BRUXA rodopia, beija uns e outros. Torna-se centro das atenções.
Inveja das cortesãs. “Olho grande” na bela jovem, que dominada desmaia.

2ª cena: noite, carpinteiros e marceneiros armando um patíbulo.  Notívagos que passam com indiferença. Inspeção do Carrasco, contorna o patíbulo e experimenta sua firmeza e função.

3ª cena: dia, Praça maior e mais comprida com patíbulo e passantes curiosos. De repente:
alarido, estardalhaço, correria, pessoas jogando-se ao chão, outros com ar de expectativa. Abre-se o caminho para 12 guardas de preto, a moça, um padre. O Mestre (carrasco) aguarda ao lado da forca. Silêncio. A moça e o padre sobem a escada de madeira do patíbulo calados. O padre cabisbaixo. A moça altiva encara o povo. Encenação da benção e pose agressiva do Carrasco. Gritos da multidão. Uns choram. Movimento de enforcamento. Param os gritos. A moça sobe ao céu.

4ª cena: Pequena repetição da 1ª cena, com outra moça. A vida continua.

Em todas as cenas um homem triste acompanha os movimentos da jovem. Na execução desmaia. Na 4ª cena volta como o eterno apaixonado pela nova moça.