junho 13, 2010

O Prisioneiro de si mesmo


Como surge a rebeldia?
Ao olhar a sua volta e ver os grilhões cerceando passos, obras inacabadas, projetos arquivados. De nada adianta a tristeza, a impotência contra os fatos. Como ressurgir? Reagir? Prosseguir?
A melhor coisa é dar meia-trava. Sentir a tortura da estagnação. As dores. Decidir balançar o corpo. Agir. Que tal respirar, deixar fluir o sangue, mexer braços e pernas?
Selecionar!

O que é isto? Selecionar. É mais uma forma de aprisionamento. Escolher o que deve ou não ser feito. Perda de tempo, material e saúde.
Ousadia.

Ousar violentar o corpo. Livrar a mente de pensamentos tortuosos, dúvidas, temores.
O que virá? Não importa. Não interessa.
Medo?

Perder o medo. Medo de fazer xixi na cama, nas calças. Medo de se mostrar, de se exibir. Medo de subir e descer. Medo de falar. Medo de cair. MEDO...
Abismos e vulcões são acidentes geográficos. As erupções dos vulcões são manifestações internas, que liberam energias. Agitam céus e mares. Convulsionam a Terra. A repressão mantida ocasiona tensão insuportável. Explosões físicas e emocionais. Algumas trazem tragédias, outras belezas e umas, se transcendem em história. O VESÚVIO.





O transito estava super congestionado. Os carros moviam-se lentamente. Maristela afligia-se, via a entrada do Túnel Novo, e nada de andar. O motorista do táxi querendo ser agradável puxava assunto com seu sotaque nordestino.
- É, madame, deve ser uma batida feia. Não dá para desviar. A senhora tem carro? – não dava tempo nem para responder. – Tem carteira? Pois é, nunca pare junto ao meio fio. É perigoso. Tem muito bandido por aí. Hoje em dia não se pode bobear. Veja só, madame, eu sou matador de aluguel e não marco bobeira. Tenho mais de duzentos serviços, bem feitos, sem deixar rastro. Nunca me pegaram. É uma blitz, – Maristela empalidece - dentro do Túnel, incrível. Vou deixar meu cartão. Se precisar.
Os carros passam um a um. Maristela pensou no que fazer. Vê o RIO SUL:
- Moço, dá uma parada aí.
- A senhora não ia para o aeroporto?
- Me lembrei que preciso comprar roupa para a viagem.
Salta do táxi apavorada, as pernas bambas.
- Será que ele percebeu alguma coisa? – resmunga. Aflita olha para os lados. Acabara de atirar no marido. Mal tivera tempo de pegar sua bolsa. Passou pelo corpo dele, estirado no chão. Virou o rosto para não ver o sangue. Sobe as escadas rolantes e se refugia no primeiro banheiro que encontra. Sua frio, com vontade de vomitar. Lava rápido o rosto. Felizmente tem poucas pessoas. Percebe que elas a fitam. Tranca-se no reservado. Suspira aliviada. O celular toca.
- Oh, mãe, esqueci as crianças na escola. Obrigada. Mais tarde pego elas em sua casa. Agora não posso falar.
Levanta-se da privada e abre a portinhola. Tem fila. De cabeça baixa, desculpa-se. Sai do banheiro afogueada. O corredor está gelado. Senta num banco e procura relaxar. Olha os vestidos na vitrine. Pega o celular na bolsa. Por algum tempo olha o visor. Aperta as teclas. Atendeu.
- Fernando, preciso da sua ajuda!

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