junho 22, 2011

A PRIMA (Trecho de "Fechado para Reforma)

- Lá vem sermão.

- Não é sermão não, que para padreco arrependido não adianta. Me desiludi, vendo você sem rumo, bebendo por amores perdidos.

- E qual a importância disto para você?

- Muita, me deixava arrasada! Ver como se destruia. Fiz de tudo para ajudá-lo.

- Tudo, mesmo?! – Tenta brincar, mas ante o encarar da prima retrai-se. – Sim... poderia.

- Pronto, foge, foge! Se fecha como uma tartaruga.

- É que você sempre me vence. Domina.

- Não é esta minha intenção. Não quero derrotá-lo, nem vencer, quero sua felicidade.

- Ana, gosto muito de você, eu queria... mas...

- O velho impasse, não é João?

- A barreira!

- Era só derrubá-la. Veria que estava do outro lado, a espera.

- Ana, tão fácil assim?

- As oportunidades passaram, perdeu o momento. Tarde demais.

- O que é tarde demais?

- Cinismo não. Eu amo você! Será tão cego assim? Ou não me ama e banco a tola?

- Somos primos, primos, Ana. – Fica repetindo como um realejo - primos...

- Isto é o que colocaram na sua cabeça.

- Crescemos juntos, como irmãos, companheiros de brincadeiras, de aventuras. Lembra-se das domingueiras no clube.

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