ZAIRA –Só podia ser uma lembrança infantil! Quanta antiguidade. Zaira com H me faz sentir uma velha.
RICARDO – Uma tia de quem eu gostava muito, e que virou uma devoção.
ZAIRA – Uma santa?
RICARDO – (enquanto fala aproxima-se do micro e procura um DVD) nada disto, apenas uma pessoa, uma pessoa fantástica. Tia Zahira; com H. eu vivia cercado por tias. Tias de todos os tipos. Tias mãe, tias pai e tias tia. E Zahira era uma delas, tipo pai. Sizuda. A carranca era uma máscara de defesa. Pouco se abria. Não revelava seus segredos, suas dores e mesmo suas alegrias. Mas era de uma sensibilidade incrível. Sem alarde ajudava os colegas de trabalho, os familiares. Com os sobrinhos então não media esforços. Estendia suas asas protetoras. Acalentando, amparando nas quedas. Eu era o seu xodó. Encobria minha travessuras. Atrás daquela aparente frieza se escondia uma alma carinhosa. Pronta para auxiliar os irmãos ao menor sinal (coloca o DVD, TV/Telão exibe cenas de carnaval; blocos etc).
ZAIRA – Não disse?! Era uma santa. Um anjo caído do céu.
RICARDO – Não, não! Era gente, de carne e osso. Como você. Acredite, era uma foliona. Gostava de carnaval. Curtia um bloco de sujo...
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