Cadê o meu
verso?
Está no meu
coração!
Rasgue seu
peito, e tire-o para me mostrar.
Refutações
refutantes
refutáveis
refuta
refutação
refutável
refutante
refuto
refutado
refutada
refutações
VÉSPERA DE NAUFRÁGIO
Eu já
conheci muitos portos
muitos
mares foram navegados
horizontes
anuviados
Muitas
vezes o sol brilhou no límpido azul
mas
sempre o mar revolto
a fúria
contida das marolas
as marés
renovadas
Em cada
margem
em cada
ponta de praia
um sonho
de amor
E o Navio
Holandês
sempre a
prumo
navegando
mesmo sem
rumo
ao sabor
dos ventos
e do amor
O Navio
Holandês
retorna
aos mares
e navega
altaneiro
as
borrascas passam
e seu
valor realça
Os mares
inavegáveis
O eterno
desconhecido
são sua
bússola
seu leme
Nas
trevas brilha sua decisão
na luz
bem
na luz
navega desapercebido
O Navio
Holandês
uma vida
um
navegar constante
novos
portos
novos amores
PALÁCIO ENCANTADO
O casebre onde moro
- Meu palácio encantado -
oscila e treme
tremelica
balança
na beirada do penhasco
soprado pelos ventos
trespassado pelas chuvas
aponta no pico abrupto
escutando os uivos dos humanos
e os latidos dos inumanos
lá em cima perdido
tremendo mais que caniço de cana
tremendo como milharal
meu casebre
- Palácio encantado -
desponta como um guardião das
incertezas
de frágil estrutura
firme na decisão de permanência
de querer ver as coisas
alquebrantadas
perecível imperecível
taciturno
isento de vinganças
rola a ribanceira
transformando em bola de neve a
miséria
que chafurda na encosta
O casebre onde moro
- O meu palácio encantado –
permanece inquebrantável
O ENGANO
nada mais viu
tombou
“por engano” diz o assassino
como se hoje morresse alguém por
engano
pobre jovem
que no escuro ninguém percebia
e de tarde morreu por engano
para que a bomba
se existe a FLOR
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